Quando a Universidade Federal do Piauí (UFPI) aderiu ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) escrevi a respeito sobre como ficariam os conteúdos regionais diante do novo quadro. Vale lembrar que naquele momento metade das vagas da UFPI eram selecionadas pelo Enem e outra metade pelo Programa Seriado de Ingresso na Universidade (PSIU). Hoje a pergunta voltou a mente diante da entrevista do reitor Luis Júnior para “explicar” a adesão.
Aprovada na segunda e divulgada somente na terça a adesão ficou mal explicada em uma pálida versão oficial até o meio da tarde quando em entrevista coletiva o reitor defendeu que o Enem não prejudica o estudo de conteúdos regionais. Quem tem mais de 20 anos e já fez a prova do Enem lembra que uma das características da prova é o caráter interdisciplinar em que são explorados aspectos transversais das disciplinas. De modo mais simples: não tem espaço para assuntos regionais nas provas.
Mesmo com piauienses elaborando as provas um tema daqui na avaliação, como a Batalha do Jenipapo, depende da “sorte” de as questões elaboradas serem selecionadas para a versão a ser aplicada no dia exato da prova. Versões preliminares da prova são elaboradas e aplicadas como teste. Como a Uespi também caminha para utilizar o Enem como critério de avaliação o melhor é evitar ilusões: Piauí na prova, somente se houver a sorte de uma questão selecionada.
Quando comecei o ensino médio, 10 anos atrás, havia um questionamento entre os alunos: porque estudar filosofia, sociologia ou artes se não caem no vestibular? A dúvida talvez não tenha mudado muito, mas agora ganha apenas mais alguns elementos: porque estudar filosofia, sociologia, artes, história, geografia e literatura piauiense se não caem no vestibular? Infelizmente o ensino médio está voltado para o vestibular e o “apoio” sem a cobrança do conteúdo no vestibular soa vazio.
Como se não fosse suficiente a adesão total ao Enem expõe outro problema: quem responde pelo Enem no Piauí? O Instituto Federal do Piauí (IFPI) quando questionado responde diretamente sobre o Enem, o que não acontece com a UFPI que reforça a responsabilidade da prova para Ministério da Educação (MEC). Como não há um parâmetro único quem for estudar no IFPI e contar com uma dúvida vai ao instituto e quem for estudar no UFPI vai ao telefone mostrar seu problema para uma atendente eletrônica.
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