O que foi a última segunda-feira em por mais de 10 horas estudantes e a população em geral se manifestaram contra o preço da passagem de ônibus? No final das contas foi quando a população assumiu de fato a frente de uma mobilização. Sem bandeiras de partidos e organizações ligadas a eles, que mais enfraqueceram que ajudaram o movimento a população ainda não conseguiu baixar o preço da passagem, mas já deu seus recados.
O primeiro recado é que não há mais condição de aceitar aumentos de passagens de ônibus baseados apenas na vontade do Sindicato das Empresas de ônibus (Setut). Não adianta jogar números quando for cobrado, é preciso mais. É preciso explicar tudo bem direitinho sobre o aumento e levar em conta o fator social que está no transporte coletivo. Os benefícios de um sistema de transporte público precisam estar na população e não em meia dúzia de empresários interessados em mais benefícios.
Talvez o segundo recado tenha sido para o prefeito Elmano Ferrer (PTB). Com o estilo bonachão o prefeito havia contornado a pressão para por em prática a Lei Enzo, para fornecer medicamentos para diabéticos e a polêmica a respeito da Parada da Diversidade. O cálculo político era que com uma passagem em R$ 2,10 e não os R$ 2,20 solicitados pelo Setut os ânimos iriam serenar. Mas, os dois dias de protestos na cidade parecem que não foram como o prefeito esperava.
O terceiro recado foi para os vereadores da capital e a estrutura legal piauiense. Quem ouviu algum parlamentar se manifestar sobre os protestos, até mesmo nas redes sociais? O silêncio dos parlamentares, na contramão da gritaria da população diz que aparentemente uns não representam os outros. Além disso, para a população chegar as ruas parando ônibus e atirando ovos significa que o sistema legal também não conseguiu estabelecer a justiça para a sociedade.
Por último principalmente os protestos da tarde de segunda e do início da manhã desta terça-feira mostraram que protestos não dependem de bandeiras políticas. Estas bandeiras políticas inclusive podem servir de amarras para o movimento popular de verdade, aquele que é levado por aqueles que simplesmente estão indignados. Ninguém sabe o que vem por aí. É difícil que a passagem baixe porque os interesses são muito fortes, mas é fato: não há como ignorar os indignados.
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