Muitos evitam, outros deixam o suicídio subentendido. Com a divulgação da morte do apresentador Gilberto Scarpa e de sua namorada, a atriz Cibele Dorsa, o assunto voltou à mídia. A morte do casal foi notícia em quase todos os veículos, a maioria usando a palavra suicídio no corpo do texto. No entanto, recentemente, O Estado de S. Paulo noticiou suicídio no título das matérias “Judoca medalhista olímpica comete suicídio na Áustria” e “Polícia do Rio abre inquérito após suicídio em delegacia”, mas o assunto ainda é polêmico na imprensa.
Na Folha de S. Paulo o tema é tratado como outros assuntos, avaliando a relevância do fato. Vinicius Mota, secretário de redação da Folha, diz que o tema “recebe o mesmo tratamento dispensado a qualquer objeto potencial de notícia” do jornal. O Manual da Redação do veículo orienta o jornalista a não omitir "o suicídio quando ele for a causa da morte de alguém".
O suicídio como notícia
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O poder da mídia
No entanto, de acordo com especialistas, a notícia pode influenciar pessoas vulneráveis e alguns cuidados devem ser tomados. “Pode influenciar sim, não há certeza do grau de influência, mas o assunto é sério o suficiente para que não se experimente. Há também a preocupação de poupar os sobreviventes que podem estar em grande sofrimento e podem ter uma exposição pública que pode aumentar ainda mais a sua dor”, afirma a Dra. Maria Júlia Kovács, autora do livro “Morte e desenvolvimento humano”, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Morte do Instituto de Psicologia da USP.
Um exemplo é o que aconteceu em Viena na década de 80, quando o metrô da cidade registrou 22 casos de suicídio em 18 meses, após uma cobertura sensacionalista de um incidente em 1986. Com o aumento das mortes, a imprensa e Associação Austríaca para a Prevenção do Suicídio desenvolveram um manual sobre como os profissionais deveriam abordar o assunto. Com a nova orientação, a taxa de suicídio no metrô austríaco caiu 75% em cinco anos.
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