23 de setembro de 2011

História sendo escrita

Há movimentos que só podem ser analisados depois de algum tempo. O calor dos acontecimentos não permite uma visão clara para repassar a real dimensão de uma sequência de fatos. O movimento que paralisou Teresina por uma semana não tem nada semelhante em no mínimo 10 anos. Isso é que torna complicada uma definição, mesmo com duas semanas de paralisação dos protestos.

Foi um simples protesto? Não. Uma semana com algumas das principais vias de Teresina completamente intrafegáveis não a coloca como uma simples semana de protestos. Não havia um setor específico participando. Mesmo, que sob a liderança de estudantes o movimento parecia ser uma ação popular, como que a partir de uma revolta coletiva quanto aos problemas ali presentes.

 Foi um movimento organizado? Sim, mas cada tendência política que tentava estabelecer uma aproximação do movimento era automaticamente expurgada. A organização parecia basear-se em uma auto gerência coletiva em que faltava um nome e que se representavam por nomes. Na falta de uma resposta as tendências políticas se queixaram da radicalização do movimento. Talvez seja a hora para refletir sobre como cada tendência política tem dado “respostas” ao público.

Foi um movimento de estudantes? Sim, contudo, não foi uma geração já politizada que levou Teresina a ficar parada por uma semana. Como uma flor que nasce no meio da pedra foram estudantes secundaristas sem ter uma tendência partidária que levou o dia a dia dos protestos. Onde se esperava despolitização veio a chama mais forte do que poderia ser enquadrado como revolta pública.

 Não há exageros em comparar o que houve em Teresina com “los indignados” espanhóis ou os jovens que acamparam em Israel cobrando moradias. São movimentos que querem a realização de demandas que envolvem a população como um todo. Talvez a única explicação que se possa apresentar por enquanto é que não há definição para este movimento. Ele entra para a história ainda por ser entendido.

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