Sou modelo e meu sonho sempre foi ser famosa. Todo ano me inscrevo para a seleção do Big Brother e já ganhei o concurso Miss Festa da Jabuticaba lá na minha cidade. Quando soube que não precisava mais de diploma para ser jornalista, vibrei: “Chegou a minha vez”. Pedi o registro no Ministério do Trabalho, botei minha minissaia e fui pra capital atrás de uma chance na televisão. E não é que eu arrumei um emprego? Só que até agora nada de fama. O máximo que faço é redigir notas cobertas. Que ironia, logo eu que sempre gostei de me despir! Se isso é ser jornalista, então eu tô fora! Quero ter um programa só meu pra apresentar, ser reconhecida nas ruas. Odeio escrever notinha. Prefiro concentrar minhas energias no concurso Garota Festa do Milho Verde 2011 que tá logo aí.
(Suellen Adriely – Sabará/MG)
A medicina foi a maior decepção da minha vida. Muito trabalho para pouco retorno financeiro. Vocês sabem quanto estes vermes dos planos de saúde pagam por uma consulta? Uma merreca! Você trabalha praticamente de graça aqui no Brasil. É mais vantajoso fazer trabalho voluntário na África. Foi quando resolvi mudar de profissão. Como sempre gostei de escrever, descolei um emprego como repórter em um jornal diário. A desgraça é que nada mudou! Plantões intermináveis, celular que toca no fim de semana e uma miséria no fim do mês. Para ser sincero, acho que até piorou. Não consigo sequer decifrar minha letra no bloquinho de anotações. Antes, isso era um problema dos meus pacientes.
(Mário Sérgio Ponzio – Guarulhos/SP)
Só depois de me formar, em Antropologia, descobri que o mercado de trabalho estava saturado. Todo antropólogo quer viver em alguma tribo indígena, mas o problema é que tem pouca tribo para muito profissional. A solução foi buscar oportunidade em outra área. Por que não o jornalismo? Nem precisa mais de diploma. A idéia da diversidade humana de uma redação também me seduziu. Mas quem disse que arrumo emprego como jornalista? Arrumo nada. Acho que no Brasil tem menos redação do que tribo de índio. Fugi de uma roubada e caí em outra. Um amigo publicitário, que também sofre com a saturação dos mercados, me disse que o lance agora é a construção civil. Com o boom imobiliário, tá sobrando vaga de pedreiro. “Vamos bater laje, Dionísio!” Sou fraco fisicamente, mas até que gosto da idéia da diversidade humana de um canteiro de obras.
(Dionísio Cardoso – São Paulo/ SP)
Desilusões Perdidas (Por tanto não se iluda, nenhum desses depoimentos é verídico)
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