O professor Juremir Machado da Silva da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCR-RS traçou um triste retrato do jornalismo atual no 20º Encontro Anual da Associação Nacional de Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós). A palestra do professor que também é jornalista acaba colocando várias interrogações sobre quanto a forma hoje é mais importante que o conteúdo. Na visão do professor "Informar é apenas uma das atribuições do jornalismo. Distrair passou a ser certamente uma estratégia de sobrevivência. A distração não suporta muito conteúdo".
Não há muita necessidade de citar exemplos na mídia local de programas policiais; projetos de coberturas pseudo-ufanistas e guerra por acessos baseada em sangue, suor e lágrimas. É melhor que o leitor o faça, afinal quando questionados os responsáveis por cada uma destas mídias respondem prontamente que fazem suas escolhas baseadas em preferências do seu leitor ou telespectador. A informação está em algum lugar disso tudo, como uma vaga lembrança do que realmente deveria motivar o processo como um todo.
O exemplo de fuga do jornalismo de embalagem mencionado pelo autor não parece ser o melhor, mas é um exemplo. Ele menciona o Wikileaks, do australiano Julian Assange, que divulgou vários documentos considerados secretos por governos. Porque o homem que constrangeu os Estados Unidos divulgando opiniões da diplomacia poderia não ser um bom exemplo? Exatamente porque a divulgação dos documentos acabou seguindo a rota do jornalismo de embalagem ao priorizar excessivamente a diplomacia americana.
Juremir Machado aponta a vantagem de Assange por ele captar a imagem do delator, algo que está perdido no jornalismo. Porém além do Assange do Wikileaks está aquele que usa o Wikileaks para negociar a publicação do material em jornais de todo o mundo e que envolvido em denúncias de estupro se isola, assim como a informação a repassar; algo que não parece combinar muito com o jornalismo.
Qual seria a solução então para o jornalismo de embalagem em que a visada de informação acaba ficando muito em segundo plano em relação a visada de captação? Não há resposta pronta a não ser nos sonhos de uma cobrança do público para a mídia vise mais o interesse público e não o interesse do público. Mas, aí são sonhos. Para os interessados é possível ver mais sobre a palestra de Juremir Machado da Silva e o texto de Sílio Boccanera sobre Julian Assange.
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