Sabe quando você questiona certas coisas que são feitas em jornalismo? Quando a atitude tomada é a que é necessária e não a que é mais pensada? Para ser mais objetivo: Coloca-se ou não no ar o caixão com um morto que a população traz para a frente da emissora? Outra pergunta: A quem recorrer quando o poder público não dá atenção alguma?
Na tarde desta sexta, pessoas iradas contra a violência trouxeram o corpo de um mototaxista falecido em Timon, cidade vizinha de Teresina e disseram que queriam mostrar o corpo no programa de tv que estava passando na emissora naquele momento. Era o metódo deles de demonstrar a indignação pelo abandono que o poder público na área de segurança. Entraram no ar em um primeiro momento apenas em estúdio e depois a televisão fez um "ao vivo" (pelo amor de Deus sem trocadilhos). Tudo isso no meio de um frenesi da redação em torno do assunto.
Daí me veio depois os questionamentos feitos no início porque analisando a questão friamente pode-se acabar sendo moralista e se fazer condenações. Nada impede a crítica de sensacionalismo, mas a fronteira para o jornalismo sério é tão tênue que não se pode afirmar nada com certeza plena. O jornalismo também não é o quarto poder, mas o que se pode fazer quando o Executivo não atende a população, o Legislativo só se envolve com o povo na época de eleição e o Judiciário só pune criminosos pobres (não sei pelo menos de nenhum rico na cadeia). Só resta então procurar a mídia para se manifestar e se fazer ouvir.
É triste demais uma situação como essa, com todas essas contradições e omissões. O pior é que isso apenas impressiona por um momento mais depois passa e nada muda. O morto na frente da emissora de tv vai ser apenas mais um daqui a algum tempo e uma lembrança remota se um dia acontecer algo semelhante.
2 comentários:
Uma demonstração do desespero da população, da descrença nas autoridades. Não sei se os meios de comunicação realmente são uma forma de fazer justiça, pois muitos deles se procupam apenas com a audiência e banalizam a vida humana. No entanto, as pessoas sem voz buscam os MC para se fazerem ouvir, creditando a eles uma esperança se fazer justiça, de mudar a realidade. Episódio triste e que nos deve fazer refletir. Um corpo, transformado em objeto para se tentar a justiça.
As pessoas, de modo geral,possuem sonhos. Na maioria dos casos, esses sonhos são ideias de um mundo melhor. Entretando quando saímos do campos dos sonhos e ideais e "caimos na real" nos deparamos com um mundo diferente, menos humano, menos amável. Um mundo cheio de raiva e outros sentimentos. Isso ocorre porque queiramos ou não, todos percorrem um sonho e um ideal que é somente seu. Nisso o poder, de um modo geral, só é benevolente e acaba beneficiando apenas alguns. Esses são aqueles que possuem acessos dentro do ciclo de poder que os fazem conseguir o que querem. O problema é, que quando eles conseguem outros ficam para trás. Daí parte o pricípio que enfraquecimento das instituições, principalmente no Brasil, pois nunca na história tupiniquim existiu verdadeiros focos de uma realidade social que fosse condizente com um fato de um bem coletivo. E a nós jornalista, queiramos ou não, somos os responsáveis/culpados/delegados a manter a devida documentação dessa prática. E justamente isso que põe em xeque a nossa condição como jornalistas e documentaristas da vida cotidiana social do Brasil. Isso é no mínimo uma m@#$*.
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