9 de janeiro de 2006

Voltando a Teresina

Depois de algum tempo fora (cinco meses) retorno ao centro do poder piauiense. A capital Teresina, com todas as grandes contradições. Mas por enquanto vamos ficar com mais um pouco do mesmo. O New York Times tem muitos problemas, mas esse editorial do dia quatro de janeiro ajuda a limpar um pouco a barra dele. Pelo menos não deixa transparecer que eles amam o Bush.
Editorial: No assunto dos vazamentos
Dado o apetite da administração de Bush por investigações de vazamentos (três no caminho), este parece um bom momento para tentar tirar a névoa que envolve o assunto.
Uma sociedade democrática não pode sobreviver longamente se delatores forem criminalmente punidos por revelar o que aqueles no poder não querem que o público saiba – especialmente se for comportamento antiético, ilegal ou inconstitucional por parte de altas autoridades. Repórteres precisam ser capazes de proteger essas fontes, independentemente se são motivadas por disputas políticas ou peso de consciência. Isso é duplamente importante para uma administração dedicada ao sigilo como a que em vigor no momento.
O duradouro dos casos de vazamento envolve Valerie Wilson, uma agente secreta operativa da CIA cuja identidade vazou para o colunista Robert Novak. A questão era se a Casa Branca usara esta informação em tentativa de silenciar o marido de Wilson, um crítico da invasão ao Iraque, e ao fazer isso violou uma lei federal contra desmascaramento um agente secreto operativo. Há um mundo de diferença entre esse caso e outro atual no qual a administração tenta encontrar as fontes de uma reportagem do New York Times, dizendo que Bush secretamente autorizou a espionagem de cidadãos americanos sem mandato judicial. O relato sobre a espionagem foi uma clássica tentativa de dar ao público a informação que ele merece ter. O caso de Valerie Wilson começou com um esforço cínico da administração para desviar a atenção pública ao estimular a inteligência pré-guerra no Iraque. O inquérito do vazamento nesse caso terminou fazendo a imprensa de alvo e levou ao encarceramento de uma repórter do New York Times.
Quando um governo não quer que o público saiba o que acontece, freqüentemente cita a segurança nacional como razão de sigilo. A segurança da nação é obviamente uma questão mais importante, porém esse mesmo fato fez esta administração – e muitas outras – usar a segurança nacional como um balaio para qualquer questão que queira manter secreta, mesmo se a secreta razão do sigilo é prevenir qualquer embaraço para a Casa Branca. A administração de Bush tem ainda que mostrar que a segurança nacional foi ferida pela reportagem de espionagem eletrônica, a qual não revelou a existência de tal vigilância – somente como era feita de um jeito que parecia fora da lei.
Investigações de vazamento são freqüentemente destinadas a distrair atenção pública das reais questões ao culpar o mensageiro. Leve em conta o inquérito do terceiro vazamento, em uma reportagem do Washington Post sobre campos da CIA além-mar, onde prisioneiros eram torturados ou embarcados para outros países para tortura. A administração disse que a reportagem danificou a imagem da América. Na verdade, as detenções secretas e as torturas fizeram isso.
Espionagem ilegal e tortura precisam ser investigadas, não delatores e jornais.

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