5 de julho de 2010

Pelado com a mão no bolso


"Sem lenço e sem documento". Muitas pessoas usam essa expressão, mas por dois dias experimentei estar de fato sem lenço e sem documentos. Nesse momento deu para perceber o quanto que falta uma estrutura para proteger e dar comodidade ao cidadão.

Explicando a situação como um todo: Por ter estacionado do lado de fora de um shopping da cidade, que não tinha vaga de estacionamento, ele não pode ser responsabilizado pelo roubo da mochila onde estavam meus documentos. Após o roubo, a segunda observação: nunca vai haver uma estrutura de segurança para cobrir a cidade como um todo.

Na hora de registrar o roubo a primeira observação sobre o serviço público. A exceção deve-se ao responsável por registrar o boletim de ocorrência que demonstrava certa atividade em detrimento aos outros lá presentes que encarnavam o imaginário do "servidor" público. Boletim de ocorrência registrado mal sabia que o pior estava por vir.

Pior do que ser roubado? Isso mesmo. No dia seguinte o caminho era começar a emissão das segundas vias, mas por onde começar. Para os que moram em Teresina o caminho "natural" seria ir ao Espaço Cidadão, onde presumivelmente se faz a emissão de documentos. Mas, lá a informação era que não se emitiam segundas vias.

Restava então ir a cada órgão emissor de documentos. Na Delegacia Regional do Trabalho, onde é feita a emissão de Carteira de Trabalho, o trabalho é feito por senhas em que é preciso madrugar para conseguir uma. Nos Correios para emitir o CPF somente com a identidade e o título de eleitor. Mas, se os documentos foram roubados? Mesmo assim. Com certo desânimo fui no Instituto de Identificação na praça Saraiva e lá a resposta foi mais desanimadora: "Só com certidão de nascimento, duas fotos e comprovante de residência".

Conclusão de tudo isso é que se a mochila não tivesse reaparecido na sexta-feira toda revirada a beira do Rio Poti eu continuaria duplamente desprotegido: pela falta de segurança fornecida pelo aparelho de Estado e pela falta de estrutura para restituir a pessoa que é roubado de seus documentos, algo que está diretamente ligado a noção de cidadania.

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