O diploma caiu. Para nós jornalistas, recorrendo a uma linguagem policial "a casa caiu". Mas, sejamos francos: já era bem esperado. Porque? Respondo com mais perguntas: Quem era o relator do caso? Gilmar Mendes. Quem incomodou Gilmar Mendes de fato nos últimos tempos (não vale dizer Joaquim Barbosa, viu!) ? Os jornalistas quando mostraram a face do coronel de Mato Grosso e a pancadaria do Supremo Tribunal Federal. Liga os pontos e busca ter mais detalhes do julgamento, como aqui.
No julgamento os votos foram demasiado fracos. Longos e confusos, os homens e mulheres que formam a mais alta corte do Brasil misturaram os alhos do exercício de uma atividade profissional com os bugalhos da liberdade de expressão. Pense bem, em uma era com blog, orkut, msn, twitter... uma definição simples de que o trabalho jornalístico é para jornalista representaria mesmo uma ameaça a liberdade de expressão. “O jornalismo e a liberdade de expressão são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensados e tratados de forma separada”, disse Gilmar Mendes, sem se lembrar que liberdade de expressão não é só o jornalismo.
Os outros votos não foram muito longe disso: “o jornalismo prescinde de diploma”, comentou Ricardo Lewandowski; “não há, no jornalismo, nenhuma dessas verdades indispensáveis”, ressaltou César Peluso. Coube a Marco Aurélio Melo fazer a divergência e traduzir o sentimento de muitos jornalistas e estudantes com quem conversei nas últimas horas: “Não tenho como assentar que essa exigência, que agora será facultativa, frustando-se até mesmo inúmeras pessoas que acreditaram na ordem jurídica e se matricularam em faculdades, resulte em prejuízo à sociedade brasileira. Ao contrário, devo presumir o que normalmente ocorre e não o excepcional: que tendo o profissional um nível superior estará [ele] mais habilitado à prestação de serviços profícuos à sociedade brasileira”.
Normalmente sou um pessimista, mas acho que estou começando a ser mais o "do contra" mesmo. Apesar de com a perca do diploma irem embora pilares importantes da nossa atividade profissional acho que o futuro pode ser menos negro do que estamos vendo agora. Os chefes vão engrossar mais ainda na hora de negociar o piso (teto) salarial? Busquemos criar novas oportunidades. Seremos trocados por amigos dos chefes que fazem letras, direito, engenharia de pesca (ok, fui muito longe)? Vamos nos aprimorar para fazer bons textos e mostrar que por mais que eles entendam de suas áreas não sabem falar com o leitor.
Além de tudo, vamos mostrar que nossa formação é mesmo importante. Não são somente teorias vazias sobre o nada, mas compreenções que de fato podem contribuir na sociedade. Enfim, cozinheiros de todo o Brasil, uni-vos!
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