15 de dezembro de 2008

Mostra-te mídia


Como jornalistas que somos defendemos sempre a transparência. Mas, esta semana quando a crise bateu na mídia diretamente veio a pergunta: até onde esta transparência está presente? Sem aquela visão babaca de só elogiar o que é de fora, mas será que lá fora a mídia não cobre mídia com mais propriedade que aqui?

Explico. Na última semana a crise econômica mundial bateu nas empresas de mídia. Um jornal com 19 Pulitzer, maior prêmio jornalístico americano, pode ser vendido por causa de suas dívidas que totalizam cerca de R$ 2 bilhões. Já outra cadeia de jornais resolveu pedir concordata por dívidas de R$ 12 bilhões. Nisso tudo a mídia disseca as entranhas da própria mídia. Menos fuxico e mais notícia. Claro que existem também os interesses empresariais de uma empresa noticiar a queda das outras, mas nota-se uma tranparência presente.

No Brasil a postura é mais pudica. Quando não se entra mais pelo lado da fofoca alimentando os rumores de que tal empresa passa por dificuldades, perpetua-se a falta de informação. Quando o Jornal do Brasil mudou para o formato berliner ventilou-se em alto e bom som que o jornal estava quebrando ou em decadência. Ficou para iniciativas isoladas a explicação de que não foi o berliner que quebrara o jornal, mas o modelo predador de administração que nele foi adotado.

Falta nos algo. Tenho dúvidas se é a transparência em si. Talvez o problema seja mais profundo. A discussão da mídia pela própria mídia presente no dia a dia pode ser um exemplo de um caminho. Enquanto a nossa mídia não se mostrar como ela apresenta meandros de tribunais, governos, empresas (de outras áreas) será um caso quase de dupla personalidade.

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