12 de março de 2007

A Montanha Russa do jornalismo diário

Li na semana passada um texto sobre a eleição do PMDB para presidente do diretório nacional e tinha um texto bem sugestivo: "A primeira lição de um foca na cobertura política" de Helena Chagas. Lá dizia em suma a velha frase de Lúcia Hipólito sobre o PMDB: "PMDB não é para amadores."
Em alguns dias, assino matérias da editoria de política e para um foca (repórter que ainda está ganhando esperiência) essa é uma área muito difícil. A editoria é difícil de trabalhar porque as relações entre repórter e fonte são bem mais delicadas. Qualquer situação mais complicada leva a fonte a se "fechar em copas" e também existem fontes que buscam apenas se promover utilizando o repórter para isso. Esses são pontos que exigem toda a perspicacia do repórter da área.
Além do tudo é uma área muito volátil. O que é fato agora, ao longo do dia perde o sentido ou se torna notícia velha. No texto de Helena Chagas isso fica bem a mostra. No começo da semana o favorito e apoiado por Lula era Nelson Jobim para a presidência do PMDB. Já no meio a maré virou e Lula foi para o lado do neo-governista Michel Temer. Detalhe é que Michel Temer estava no palanque de Geraldo Alckmin e Nelson Jobim foi uma indicação dos lulistas de longa data José Sarney e Renan Calheiros.
Para um foca é difícil cobrir a área se não contar com um estômago forte. É como uma montanha russa sobre o que nunca se sabe qual é a direção da próxima curva
Vai abaixo o texto no qual comecei a escrever esta postagem.
A primeira lição de um foca na cobertura política
Pra gente ver como são as coisas na política. Há pouco mais de uma semana, informava-se que Lula estava adiando a reforma ministerial para esperar a convenção do PMDB do dia 11, que elegeria um imbatível Nelson Jobim como interlocutor do partido com o Planalto, dispensando o presidente de maiores agrados ao PMDB da Câmara, que sairia derrotado. Isso e mais a traulitada que o Planalto deu na cabeça dos deputados peemedebistas ao decidir nomear Temporão para a Saúde mesmo contra a vontade dos neogovernistas pareciam ter selado para sempre o destino de Michel Temer: ser derrotado pelo rolo compressor do governo e do PMDB governista. Mas a vida é a vida, as coisas são como são e, sobretudo, o PMDB é o PMDB - e esta é a primeira lição que aprendemos como foca ao chegar à cobertura do Congresso. Não dá para confiar em nenhuma previsão sobre qualquer convenção do PMDB. Ceticamente, recuso-me, por exemplo, a acreditar que Michel já ganhou. Assim como recusei-me a crer, semana passada, que a vitória já estava no papo de Jobim. Mas o interessante de se cobrir política, o mais divertido, é observar como as coisas (e as pessoas) mudam tão rapidamente. Lula agora está fugindo da convenção como o diabo da cruz. Não é bobo de se grudar a derrotado de véspera. E a tradução disso tudo é que deve sair reforma ministerial esta semana, antes do dia 11.

Um comentário:

Fernanda Dino disse...

Embora ainda por ganhar experiência na área do jornalismo, percebo que a profissão como um todo não é das mais fáceis. Geralmente, é algo que só dá status, e a sobrevivência para o jornalista é muito complicada do ponto de vista financeiro. O mercado é algo que não favorece. É preciso tentar conciliar, muitas vezes, o trabalho num meio de comunicação com uma assessoria, para que não se "morra de fome" com os "excelentes salários". Mas já entramos nesse mundo sabendo um pouco dessas difilcudades e só entramos, geralmente, pelo amor ao jornalismo e a oportunidade de fazer uma comunicação realmente social.