10 de dezembro de 2006

A luta pela entrevista

Fiquei por um certo tempo afastado do blog. A explicação para isso foi uma seqüência de problemas. Problemas de saúde, de acesso à Internet e ao blog. Já deixei claro que blog volta a ter uma atualização semanal até que um dia possa ter um computador bem mais acessível. Isso me lembra os desafios dentro do jornal em que trabalho. Um deles vou contar agora.
Ligo para o órgão público, que não tinha uma assessoria de imprensa e peço para falar com um senhor que poderia me passar mais informações. Nesse dia tinha planejado não sair do jornal e fazer as entrevistas para compor as matérias por telefone. Além disso, se eu quisesse sair no momento daquela ligação, não daria porque os carros do jornal já tinham saído. Quando o senhor atendo e falo que sou jornalista e pergunto se ele pode me dar informações sobre o tema da minha matéria, ele diz que pode. Ao dizer que queria fazer a entrevista por telefone a primeira negativa: - Não, porque senão o que eu disse pode sair deturpado. Nessas palavras mesmo, nem mais e nem menos.
Daí vai toda uma conversa. Esclarecer os objetivos da minha matéria e que o texto vai apenas apresentar o evento do qual ele estava organizando e que qualquer coisa que ele dissesse que ficasse dúbia, eu iria levantar a questão. Foi difícil, mas venci a resistência e fiz a matéria que só saiu dias depois. O que me deixou chateado não foi o fato de o entrevistado ter demonstrado resistência, mas de ele já ter me taxado de mal jornalista sem ao menos ter me dado uma oportunidade de conversar. O motivo dele também se explica: maus jornalistas fazem textos sem fidelidade ao que os entrevistados dizem. Contudo, os entrevistados precisam entender que a função do jornalistas é obter informações e que a princípio eles usam meios lícitos e eticamente corretos para isso.
As relações entre jornalistas e fontes precisam ser sempre pautadas pela correção. Primeiro a correção dos fatos, depois a manchete. O contrário pode levar a armadilhas de mata a credibilidade.

Um comentário:

Unknown disse...

Esse problema de apuração por telefone não quer dizer que o jornalista é que está errado, ou que a fonte também esteja sempre certa quanto aos erros de publicações em jornal; acredito que o principal problema é a falta de ética da empresa como um todo, o que atrapalha as relações do profissional com seu informante e, por conseqüência com seu informado. Resumindo a moral do comentário: você faz sua parte, a fonte tem o dever-direito de desconfiar e questionar a validade do material produzido via virtual...mas são os pré-requisitos da informação automática que tanto prezam os chefes e "gentlemans" das redações, fazer o quê!