2 de agosto de 2006

Oswald de Souza

Para os que acreditam na sorte e também para os que não acreditam aqui está uma entrevista do matemático Osvald de Souza, com as dicas e pensamentos dele sobre a sorte.
Oswald de Sousa – Sem zebra
Oswald de Souza, que popularizou as estatísticas ligadas aos sorteios e apostas no Brasil e virou sinônimo de matemático, ensina os segredos da sorte no jogo.
O matemático Oswald de Souza é um homem de fé. Nos números e em Deus. Entre a igreja e o Maracanã, o criador da quina da Loto, jogo de loteria da Caixa Econômica Federal, reza todos os dias e vai à missa aos domingos, mas não deixa de fazer uma fezinha nas apostas. De ascendência portuguesa, Oswald José Levy de Souza ficou famoso na década de 70, quando passou a fazer previsões do número de ganhadores na Loteria Esportiva e do rateio dos prêmios. Suas estatísticas dividiam a atenção com a Zebrinha, personagem de animação que anunciava os resultados dos jogos, indicando a coluna ganhadora – um, dois ou do meio – e comentando os resultados inesperados com o famoso “Ih, deu zeeeebra!”. Isso no programa Fantástico, da Rede Globo, atividade que ocupou Oswald por mais de 19 anos e fez dele sinônimo de matemático no Brasil: seu nome sempre era acompanhado da profissão. Alçado à fama pela exatidão dos cálculos, criou também o sistema de apostas do Jockey Club Brasileiro. Bom negociante, comanda a Oswald de Souza Consultoria, firma especializada em jogos e loterias com serviços prestados a grandes empresas como Coca-Cola e Ponto Frio, e poderia até parar de trabalhar. Mas, aos 59 anos, acha que tem uma missão: cuidar dos três filhos e de quem estiver próximo e precisar. Mas olha bem a quem estende a mão. “Não adianta me procurar. Só ajudo instituições que conheço”, afirma. Enquanto houver jogo, haverá ocupação para o matemático, que detesta desperdício e só não economiza com o telefone. Já que dirige pouco, fala muito. Tanto que até a mulher, Isabel, reclama. É controlador, mas jura que não é pão-duro. Engenheiro civil por formação, nasceu e cresceu na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Mas dá suas voltas ao mundo. Viaja, acompanha jogos e visita cassinos. O cérebro exige. Sorte, azar, perda, ganho, erro e acerto. O que importa para o matemático é dar o lance certo. E nunca ficar na coluna do meio.
Quando você descobriu a matemática como vocação? Aos cinco anos de idade, quando entrei na escola. Na minha primeira prova de matemática tirei 10, e isso me rendeu uma certa fama. Não sei se porque a prova era difícil ou porque causava estranheza um baixinho tirar 10.
Nos anos 70, você conquistou projeção em todo o país antecipando o número de ganhadores da Loteria Esportiva na televisão. Como descobriu que poderia fazer isso? Depois de formado, trabalhava como engenheiro e jogava cartas, aos domingos, no Fluminense. Bolei uma fórmula de calcular o número de ganhadores e apostava lá, com o pessoal. Não tinha dinheiro para grandes apostas, mas ganhava sempre. Isso despertou a curiosidade de muita gente. Expliquei que havia chegado a uma fórmula que possibilitava fazer o cálculo, que o método era científico. Um amigo, Mário Pucheu, me levou para a TV Rio para fazer uma inédita aferição de ganhadores no programa Terceiro tempo. Era a época de grandes ganhadores na Loteria Esportiva.
Qual o seu percentual de acerto? Nesses anos todos, desde 12 de novembro de 72, quando fiz a primeira previsão, mantive média de 90%.
Como foi o início da era da Zebrinha do Fantástico? Eu já havia feito trabalhos na Rádio Globo e algumas pessoas comentavam o que eu fazia na TV Rio. No fim de 73, tive um encontro com o Armando Nogueira, na época diretor de jornalismo da TV Globo. Começamos em 1974 no Fantástico, onde fiquei por mais de 19 anos.
A criação da fórmula da quina foi conseqüência desse trabalho? Eu fazia as previsões na Rede Globo havia alguns anos. Em 79, me disseram que a Caixa ia lançar a Loto e gostariam que eu fizesse a divulgação do jogo. Achei a proposta interessante, mas decidi pedir um cachê alto, de Roberto Carlos, e pagamento à vista. Nunca achei que eles topariam. Só que, 20 dias depois, eles disseram sim. Foi aí que vi como funcionaria o jogo: esquema de quadra, terno e duque e prêmios muito pequenos. Achei que aquilo estava fadado ao fracasso e não iria me comprometer com algo que pudesse abalar minha credibilidade. Cheguei à conclusão de que a solução seria instituir a quina, uma maior dificuldade e também a acumulação do prêmio.
Na próxima postagem vem a segunda parte da entrevista de Oswald de Souza para a revista OI.

Nenhum comentário: