O resto da entrevista para a revista OI vem agora.
Para quem está há 54 anos envolvido com a matemática e atua na área de jogos há mais de 30, já dá para afirmar, com precisão, qual o perfil do bom jogador? Eu tenho uma máxima: qualquer jogador deve ser corajoso na vitória e medroso na derrota. O que mais se vê por aí é o contrário. Em geral, se ele ganha, pára. O que eu aconselho, no cassino, na bolsa de valores ou no carteado, é: se estiver numa posição ganhadora, seja arrojado. Explore o momento de sorte, não pode ter hora para jantar. E toda vez que estiver numa posição perdedora, seja medroso. Se está perdendo, pare, saia para fazer compras, vá fazer uma outra coisa qualquer, volte em outro horário. Toda minha experiência está aí.
Você joga sempre? Que tipo de jogo o atrai? Já joguei, hoje jogo pouco, só em cassino. Mas já joguei pôquer, biriba, pontinho e corrida de cavalo. Já joguei muito na Loteria Esportiva, também. Hoje em dia jogo na Mega-Sena, quando está acumulada. Acho, inclusive, que meu bom desempenho na carreira deve-se ao fato de que sou empresário e jogador ao mesmo tempo. Conheço as regras dos jogos.
E qual o sentido da disputa? Sempre me envolvi com jogos e desafios. A disputa é algo altamente excitante, um troço inacreditável. É você conquistar alguma posição, algum título, um bem, dinheiro, algo que você ainda não tem.
Você tem um percentual de acerto alto. Ainda assim o erro pesa muito? O fato de errar me machuca, me cobro muito. Não importa se apostei muito ou pouco. Tenho de ser tecnicamente correto.
Você já ganhou dinheiro em apostas? Em 1975, na Loteria Esportiva. Ganhei um prêmio que deu para comprar um carro novo, no valor de US$ 25 mil, mas não daria para dar um soco na mesa e adeus ao chefe. Não é um prêmio que faz a independência.
Além de ter rendido estabilidade financeira e alguma fama, no que mais a matemática é útil na sua vida? Ela me ajuda a criar. Ocupei espaços que não tinham sido preenchidos ainda, como um matemático mais lúdico, mais criativo.
Você é decidido? Nunca ficou na coluna do meio? Sou um homem que pensa muito. Pondero, avalio antes de tomar uma decisão. Mas sou de tomar atitudes. E acredito que o crédito que desfruto hoje se deve ao fato de que sempre declarei a chance real, corretamente calculada. Sempre falo minha opinião, mesmo que não agrade a A ou B. Tive a ousadia de dizer, em 74, que a Holanda tinha mais chances que o Brasil na Copa, o que se confirmou. Faço questão de dizer o que penso. Mesmo que seja contra o Brasil ou contra o Fluminense.
Na sua opinião, Deus joga dados? Só tenho de agradecer muito a Deus. Sou bem-aventurado e não cometo nenhum pecado jogando da maneira que jogo e vivendo de projetos relacionados a jogos. O meu jogo não me prejudica, nem a terceiros. Recentemente, passei por uma experiência em que comprovei a força da minha fé. Nunca tive nada, mas, por insistência da Isabel, fui ao cardiologista. O médico me pediu para fazer cateterismo e avisou que tinha uma possibilidade razoável de ter de colocar um stent (peça usada para desobstruir artérias). Como escravo dos números, quis quantificar as minhas chances. O cirurgião, então, falou que eu tinha 40% de chance de não ter nada; 50% de colocar pelo menos um stent; e 10% de ter um troço mais complicado. Não deu nada, porque Deus achou que eu não devia ter nada, que meu ciclo aqui embaixo ainda não terminou.
Mas entre a roleta e o Evangelho, você não se vê acendendo duas velas? Tudo que você faz para o bem, Deus não pode reclamar. Se eu trabalho com jogo para fazer outras pessoas felizes, Deus não reclama. A pessoa tem de considerar o jogo um entretenimento, e não investimento. Não recomendo a ninguém considerar o jogo um meio de vida, pois vai quebrar a cara.
Você é a favor da legalização dos cassinos no Brasil? Acho que sim. Desde que houvesse um valor X destinado a obras sociais. Gosto do modelo americano: tudo certinho, com auditoria, muito controle. E que se separe do jogo um percentual para tirar de quem tem e dar a quem não tem.
Por que é tão difícil ganhar na Mega-Sena? Por isso o prêmio é grande.
É proporcional à dificuldade. Uma chance em 60 milhões.
A vida é mesmo um jogo? É. Você tem de saber ganhar e saber perder. É triste não saber perder. Mas é profundamente lamentável não saber ganhar.
Quem é o mau ganhador? O que tripudia. O bom jogador não tripudia. Na vida, é muito importante saber ganhar
Você joga sempre? Que tipo de jogo o atrai? Já joguei, hoje jogo pouco, só em cassino. Mas já joguei pôquer, biriba, pontinho e corrida de cavalo. Já joguei muito na Loteria Esportiva, também. Hoje em dia jogo na Mega-Sena, quando está acumulada. Acho, inclusive, que meu bom desempenho na carreira deve-se ao fato de que sou empresário e jogador ao mesmo tempo. Conheço as regras dos jogos.
E qual o sentido da disputa? Sempre me envolvi com jogos e desafios. A disputa é algo altamente excitante, um troço inacreditável. É você conquistar alguma posição, algum título, um bem, dinheiro, algo que você ainda não tem.
Você tem um percentual de acerto alto. Ainda assim o erro pesa muito? O fato de errar me machuca, me cobro muito. Não importa se apostei muito ou pouco. Tenho de ser tecnicamente correto.
Você já ganhou dinheiro em apostas? Em 1975, na Loteria Esportiva. Ganhei um prêmio que deu para comprar um carro novo, no valor de US$ 25 mil, mas não daria para dar um soco na mesa e adeus ao chefe. Não é um prêmio que faz a independência.
Além de ter rendido estabilidade financeira e alguma fama, no que mais a matemática é útil na sua vida? Ela me ajuda a criar. Ocupei espaços que não tinham sido preenchidos ainda, como um matemático mais lúdico, mais criativo.
Você é decidido? Nunca ficou na coluna do meio? Sou um homem que pensa muito. Pondero, avalio antes de tomar uma decisão. Mas sou de tomar atitudes. E acredito que o crédito que desfruto hoje se deve ao fato de que sempre declarei a chance real, corretamente calculada. Sempre falo minha opinião, mesmo que não agrade a A ou B. Tive a ousadia de dizer, em 74, que a Holanda tinha mais chances que o Brasil na Copa, o que se confirmou. Faço questão de dizer o que penso. Mesmo que seja contra o Brasil ou contra o Fluminense.
Na sua opinião, Deus joga dados? Só tenho de agradecer muito a Deus. Sou bem-aventurado e não cometo nenhum pecado jogando da maneira que jogo e vivendo de projetos relacionados a jogos. O meu jogo não me prejudica, nem a terceiros. Recentemente, passei por uma experiência em que comprovei a força da minha fé. Nunca tive nada, mas, por insistência da Isabel, fui ao cardiologista. O médico me pediu para fazer cateterismo e avisou que tinha uma possibilidade razoável de ter de colocar um stent (peça usada para desobstruir artérias). Como escravo dos números, quis quantificar as minhas chances. O cirurgião, então, falou que eu tinha 40% de chance de não ter nada; 50% de colocar pelo menos um stent; e 10% de ter um troço mais complicado. Não deu nada, porque Deus achou que eu não devia ter nada, que meu ciclo aqui embaixo ainda não terminou.
Mas entre a roleta e o Evangelho, você não se vê acendendo duas velas? Tudo que você faz para o bem, Deus não pode reclamar. Se eu trabalho com jogo para fazer outras pessoas felizes, Deus não reclama. A pessoa tem de considerar o jogo um entretenimento, e não investimento. Não recomendo a ninguém considerar o jogo um meio de vida, pois vai quebrar a cara.
Você é a favor da legalização dos cassinos no Brasil? Acho que sim. Desde que houvesse um valor X destinado a obras sociais. Gosto do modelo americano: tudo certinho, com auditoria, muito controle. E que se separe do jogo um percentual para tirar de quem tem e dar a quem não tem.
Por que é tão difícil ganhar na Mega-Sena? Por isso o prêmio é grande.
É proporcional à dificuldade. Uma chance em 60 milhões.
A vida é mesmo um jogo? É. Você tem de saber ganhar e saber perder. É triste não saber perder. Mas é profundamente lamentável não saber ganhar.
Quem é o mau ganhador? O que tripudia. O bom jogador não tripudia. Na vida, é muito importante saber ganhar
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