Lei de licitação pública é
burlada
A Procuradoria da República no
Piauí quer multar o reitor por, supostamente, descumprir ordem judicial que o
proíbe de firmar convênios com a Fundação Cultural e de Fomento a Pesquisa,
Ensino e Extensão (Fadex), ligada à universidade, para obras e serviços sem
previsão legal. E sustenta que a entidade tem sido usada por ele para driblar a
exigência de contratar mediante concorrência pública. Empresas mantenedoras da
Fadex, como a Construtora F. Ramalho, e que constam em seu estatuto, aparecem
no Diário Oficial da União (DOU) também como beneficiárias de contratos da
fundação e da UFPI.
O MEC apura a participação da
D&P, empresa que pertenceu ao professor Iônio Alves da Silva,
ex-coordenador de Comunicação da universidade e ligado ao reitor, em licitação
para serviços de publicidade - o processo parou na Justiça. Também está sob
investigação o suposto dano ao erário em obras do campus de Bom Jesus. E o uso
da Comissão Permanente de Seleção (Copese) para favorecer parentes e pessoas
ligadas aos seus integrantes. Por esse motivo, o pró-reitor de Pesquisa, Saulo
Brandão, responde a ação de improbidade do MPF.
Na UFPI, foi necessária a
intervenção de procuradores da República até para que o nome de uma colega do
reitor no Departamento de Química, posto como homenagem num prédio da
universidade, fosse retirado. Em representação, o Diretório Central dos
Estudantes (DCE) e a Associação de Docentes (ADUFPI) pedem que o MEC apure a
suposta concessão de bolsas, pela Fadex, a Santos Júnior e a uma de suas
filhas. Ele nega.
Abaixo a resposta do reitor para
a matéria
O reitor da Universidade
Federal do Piauí (UFPI), Luiz de Sousa Santos Júnior, negou irregularidades em
sua gestão e disse que as denúncias são ilações dos opositores, com motivações
políticas: "A única pretensão dos denunciantes é criar embaraços para a
administração, quando apresentam diversas denúncias motivadas exclusivamente
por sentimento político", afirmou, em nota.
Segundo o reitor, que estava em
viagem na quinta e na sexta-feira e não respondeu a todos os questionamentos do
GLOBO, a universidade cumpre determinação judicial de não celebrar acordos com
a Fadex, sua fundação de apoio, em algumas hipóteses. Porém, a sentença não
impede "a celebração em outros casos, legalmente permitidos". Não há
ainda, conforme Santos Júnior, posicionamento na Justiça sobre suposto
descumprimento da ordem, alegado pelo Ministério Público Federal.
O reitor explicou que o processo
no qual é acusado de abuso de cartões corporativos está em fase de "juízo
de admissibilidade". "Não houve desvio de valores nem má-fé, atestado
pela própria Controladoria Geral da União (CGU)", sustentou.
A nota diz que a investigação
sobre a participação de empresa do ex-coordenador de Comunicação da UFPI em
licitação da universidade está sendo apurada pela universidade, por meio de
processo disciplinar, e pela Polícia Federal, sendo necessário aguardar
resultados para eventuais medidas judiciais e administrativas. E que, seguindo
recomendação da Procuradoria da UFPI, será nomeada comissão para tocar também
processo disciplinar sobre condutas do pró-reitor de Pesquisa, Saulo Brandão,
acusado de favorecimento à frente da comissão que cuidava do vestibular.
Santos Júnior ressaltou que a
Fadex tem personalidade jurídica própria e presta relevantes serviços à
comunidade universitária. Ele negou acusações de favorecimento a uma de suas
filhas com bolsas, exigindo "apresentação de provas que confirmem a
leviana acusação". O reitor disse que a iniciativa de homenagear uma
professora viva, dando seu nome a um prédio, foi da coordenadora do curso de
Farmácia, que justificou sua atitude num memorando.
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