30 de agosto de 2006

Um desastre ambiental a caminho

Achei hoje esse texto no jornal "O Dia", vi que ele é importante para mostrar a poluição que há anos esses curtumes fazem, mas que a imprensa de Parnaíba ainda não se preocupou em denunciar. É uma matéria boa para ver que no litoral não há só praias e brigas políticas.
Cromo em rio preocupa pesquisadores no litoral
Diego Iglesias
Enviado a Luís Correia
Dois anos após a denúncia de irregularidades na quantidade de cromo despejada pelos curtumes no rio Igaraçu, algo que causou deformidade ocular em algumas espécies de peixes na região litorânea do Piauí, o problema volta a preocupar os pesquisadores. Mesmo com a diminuição da quantidade do produto lançado no rio, o químico pode estar sendo ingerido por ostras, e com isso, inserindo-se na cadeia alimentar do homem, algo que pode causar sérios problemas, incluindo o câncer.Quem explica isso é o professor Eudes Ferreira Lima, doutor em ecologia aquática pela Universidade Federal de São Carlos, um dos responsáveis pela primeira denúncia que culminou em uma ação do Ministério Público que pedia até mesmo o fechamento das indústrias. De acordo com o pesquisador, o cromo lançado pelas indústrias é um metal pesado muito nocivo para o homem que se deposita no fundo das águas, pois o rio desemboca no local onde fica o “quebra-mar”, na praia de Atalaia, em Luís Correia. “Neste lugar [no quebra-mar], ele [o cromo] acaba sendo consumido pelas ostras, que são uma espécie de filtro dos mares e com isso, como nós consumimos as ostras, o material acaba vindo parar na cadeia alimentar do homem, pois se trata de um elemento que não é metabolizado”, disse Eudes, lembrando ainda que pode acontecer de outras espécies de peixe ingerirem as ostras e acabarem parando na mesa do homem. “O cromo entra no sistema circulatório e se instala no pâncreas e no fígado, podendo causar até mesmo um câncer”, completa. Diante disso, ele afirma que a única solução para acabar com esse problema seria o controle da quantidade de cromo lançada pelas indústrias de couro nos rios, diferente da ação do Ministério Público, que queria fechar os estabelecimentos. “Não tem como reduzir 100% do cromo lançado nos rios. A retirada das indústrias deixaria muitos desempregados e não é isso que queremos. O ideal seria controlar o nível de cromo nas indústrias, mas só poderia ser feito com o uso de várias tecnologias, algo que iria acabar resultando em couro mais caro”, afirma.Além disso, ele lamenta que o local onde o rio desemboca e que vivem milhares de ostras, ainda seja muito freqüentado por pescadores, que, de forma predatória, estão acabando com a vida marinha no local. O pesquisador, que não esconde sua dedicação à biologia marinha, defende que o problema deverá ser amenizado com a criação de um parque marinho, um projeto da Universidade Federal do Piauí que está em fase de implantação no litoral.
Criação de Centro de Pesquisa poderá amenizar problema e trazer de volta o turismo ecológico
Diante de todos esses problemas causados pela poluição e outras interferências do homem no meio ambiente, o litoral piauiense pode ter uma melhora se tratando de pesquisas com a implantação de um centro de pesquisas, uma extensão da UFPI- Universidade Federal do Piauí, na cidade de Luís Correia. O projeto deve ser concretizado em um prazo de cerca de dois anos, que deve contar ainda com a construção de um parque marinho, algo que pode incentivar o turismo ecológico na região.Um dos profissionais que está à frente da implantação do centro, que virá junto com o curso de biologia, é o professor Eudes Ferreira Lima, doutor em ecologia aquática pela Universidade Federal de São Carlos, que foi um dos aprovados no concurso realizado pela UFPI. Ele explica que, mais do que a simples extensão do curso, a obra será a “formação de um centro de estudos onde as pessoas terão contato direto com os problemas”, diz.O centro será construído em uma das extremidades da Ilha de Santa Isabel, que fica em frente ao quebra-mar na cidade de Luís Correia, um local considerado estratégico para o professor pela grande variedade do ecossistema da região, que estará disponível para os alunos. “A instalação desse curso vai proporcionar um maior controle do cromo nas águas, pois trará mais pessoas preocupadas com isso”, enfatiza. “O que mais me anima é que sentimos que existe uma grande preocupação com isso agora, principalmente pelo atual reitor da Universidade, Luiz dos Santos Júnior”, completa.Além da implantação do curso, o pesquisador destaca que virá outro projeto, que tem o objetivo de resgatar a vida marinha nas proximidades do quebra-mar, que será feito com a criação de um suporte de repovoamento marinho, que afastará os barcos pesqueiros do local, além de abrigar vários animais marinhos, algo bem semelhante a um coral artificial. “Em algumas cidades ele é feito de concreto ou estruturas de ferro, mas no nosso caso será feito de pneus, que serão instalados em uma área de 3 km e num intervalo por volta de 100 metros uns dos outros”, explica Eudes.Com a criação do parque, além das contribuições para a vida acadêmica, o turismo também será beneficiado pois mais animais marinhos serão atraídos para o local. “Será um bom local para a prática de mergulho e trará muita gente interessada em fazer turismo ecológico”, destaca.O projeto conta com o apoio da prefeitura de Luís Correia, Capitania dos Portos, Ibama, Universidade Federal do Piauí e Secretaria Estadual do Meio Ambiente.

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