Os segredos dos presidentes - parte 2 - Como é difícil contar tudo

Itamar Franco é o mais didático dos quatro entrevistados. Talvez pelas desavenças que tenha acumulado com o antecessor e o sucessor, ou por ter que justificar o jeito merurial de ser. Chama a atenção a via-crucis do repórter para conseguir a entrevista. Na entrevista ele usa para responder as críticas documentos e declarações de outros, deixando os fatos falarem por si. Mostra o quanto lidou com a desconfiança generalizada sobre o seu governo, tanto na imprensa quanto na sociedade. Sobre o temperamento, ele nega os exageros mas deixa transparecer o jeito intempestivo em algumas respostas. Fernando Henrique Cardoso, o homem dos oito anos no poder, mostra ser diferente dos outros em dois aspectos: A entrevista é feita no Instituto que leva o nome dele, uma preocupação para a qual os outros não atentaram; preservar a época em que foram supremos mandatários. O outro aspecto é deixar no ar a resposta ou como Geneton define: "É a maneira que encontrou de exercer uma pirotecnia retórica: a de dizer sem falar." Ele mostra as saias justas internacionais, faz a crítica do Governo Lula, narra a transferência do poder; algo que os outros não fizeram com tamanha riqueza de detalhes. Fez a narração de maneira emocionante daquilo que deixou o país mesmo que fosse por alguns minutos uma nação unida.
Geneton Moraes Neto fez as entrevistas de maneira exemplar, insistiu ao perceber que talvez conseguisse algo mais nos depoimentos dos ex-todo-poderosos do Brasil. Ao longo da leitura, em alguns pontos parece que "morreu na praia", mais pelos entrevistados que pelo repórter. Os quatro pretender lançar livros contanto o que passaram na presidência, mas só o tempo dirá se serão melhor que esse.